Extinção em Massa: O Que a Ciência Diz Sobre o Futuro da Vida na Terra

Sexta Extinção em Massa: Realidade ou Exagero Científico?



O termo “sexta extinção em massa” ganhou força nos últimos anos em livros, documentários e manchetes. A ideia é impactante: assim como os dinossauros e inúmeras espécies no passado desapareceram em eventos catastróficos, a humanidade estaria agora conduzindo a Terra para uma nova onda de extinções em larga escala.

Mas será que essa narrativa corresponde à realidade científica? Um estudo publicado na revista Trends in Ecology & Evolution questiona essa visão e mostra que, embora a crise da biodiversidade seja grave, classificá-la como uma extinção em massa pode ser precipitado.

O Que é uma Extinção em Massa?

Historicamente, a ciência reconhece cinco grandes extinções em massa nos últimos 540 milhões de anos. Esses eventos foram marcados pela perda de, no mínimo, 75% das espécies existentes em curtos intervalos de tempo geológico.

No entanto, nos últimos 500 anos, a humanidade causou a extinção de menos de 0,1% das espécies conhecidas — um número preocupante, mas ainda muito distante do critério que define uma extinção em massa.

Sete Razões para Questionar a Sexta Extinção

Segundo os pesquisadores, existem pelo menos sete razões principais para duvidar de que já estejamos em uma sexta extinção em massa:

1. Quando isso aconteceria?


Estudos sugerem que a perda de 75% das espécies levaria milhares ou até milhões de anos, e não apenas alguns séculos.

2. Taxas elevadas não bastam

Extinções em níveis acima da média ocorreram diversas vezes no passado sem configurarem eventos de extinção em massa.

3. Viés das extinções recentes

A maioria das espécies extintas nos últimos séculos vivia em ilhas e foi eliminada principalmente por espécies invasoras. Esse cenário é muito diferente das ameaças atuais em continentes, como desmatamento e mudanças climáticas.

4. Nem todas as espécies estão em risco

De acordo com a IUCN, mais da metade das espécies avaliadas estão em categorias de “menor preocupação”. Projetar que todas desaparecerão é um exagero sem base científica.

5. O papel da conservação


Medidas de proteção ambiental já salvaram inúmeras espécies da extinção, desacelerando o ritmo da perda de biodiversidade.

6. As ameaças vão durar para sempre?

Projeções indicam que o crescimento populacional humano deve se estabilizar até 2080, e o aquecimento global pode atingir um pico nas próximas décadas antes de recuar.

7. Biodiversidade ignorada

Grande parte dos estudos sobre a sexta extinção foca apenas em vertebrados terrestres, que representam uma fração mínima da biodiversidade global. Grupos como insetos, que compõem metade das espécies conhecidas, ainda são pouco estudados.

A crise é real, mas o nome importa

Embora a ideia de uma sexta extinção em massa possa gerar impacto, os autores alertam que exagerar no discurso pode prejudicar a credibilidade da ciência.
As estimativas atuais apontam para uma perda de 12% a 40% das espécies nos próximos séculos. Isso já seria devastador para ecossistemas e sociedades humanas, mesmo sem chegar aos 75% que caracterizam uma extinção em massa.

O Que Fazer Agora?


  1. Em vez de focar em cenários apocalípticos, os cientistas sugerem uma abordagem mais prática:
  2. Proteger habitats naturais ainda existentes;
  3. Reduzir as emissões de carbono para mitigar o aquecimento global;
  4. Fortalecer ações de conservação que já provaram eficácia;
  5. Priorizar espécies mais ameaçadas, garantindo que não desapareçam nas próximas décadas.

Conclusão

A crise da biodiversidade é uma emergência global, mas não necessariamente uma nova extinção em massa. O verdadeiro desafio não é discutir se estamos vivendo o “sexto grande colapso”, mas agir agora para evitar perdas irreversíveis que impactam não apenas a natureza, mas também a sobrevivência humana.

Por: Trends in Ecology & Evolution

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